quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Antes de amar alguém, ame a sí mesma. Antes de sair com alguém que te diga que você está linda, sinta-se linda. Antes de dizer palavras bonitas pra um alguém, deixe que alguém te diga coisas lindas antes. Antes de se entregar totalmente, deixe que a pessoa se entregue totalmente. Antes de se apaixonar por alguém, olhe no espelho e se apaixone pelo seu reflexo. Não deixe que frases como “Eu te acho linda” tomem conta de sua cabeça e não se importe em se cuidar, pelo contrário. Se ache linda antes de que te achem linda, porque, muitas vezes, as palavras vão da boca pra fora, ao contrário do que você sente por sí mesma. Antes de qualquer coisa, pense em você e não nos outros. Amor próprio é o amor mais bonito que existe. Se apaixone por você mesma.
"Eu sempre fui do tipo de menina que se esconde atrás do capuz preto, a menina que tem medo de fazer o dizer, com medo de machucar os outros, fazendo machucar si mesma. Mas há momentos que eu paro pra refletir, se eu realmente faria falta, se alguém notaria se eu sumisse."

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

- Por você, faria isso mil vezes! - disse ele. E deu aquele sorriso de Hassan, desaparecendo então na esquina. Só voltei a vê-lo sorrir assim tão descontraído vinte e seis anos mais tarde, olhando uma foto Polaroid desbotada. O Caçador de pipas - Khaled Hosseini
Existem sentimentos que nos levam a fazer coisas inacreditáveis, inimagináveis e até, por vezes, patéticas. Colocam à prova nossas convicções, nossa capacidade de suportar a dor, a pressão e a angústia, só para deixar bem claro que somos bem maiores do que um dia achamos ser. Assim a gente olha pra trás e vê o quão longe chegamos.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Olhe, não fique assim não, vai passar. Eu sei que dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai agüentar, mas agüenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai agüentar, mas agüenta: as dores da vida. Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás. Você acha que não porque esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte estando na praia. Ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando vai ver o barco já tá lá longe. A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, essa sensação de que pegaram sua traquéia e seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo - é difícil de acreditar, eu sei - vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar. Quando você for ver, passou. Agora não dá mesmo pra ser feliz. É impossível. Mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre? Isso é bobagem. Como cantou Vinícius: "É melhor viver do que ser feliz". Porque pra viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói,ai,eu sei como dói. Mas passa. Tá vendo a felicidade ali na frente? Não, você não tá vendo, porque tem uma montanha de dor na frente. Continue andando. Você vai subir, vai sentir frio lá em cima, cansaço. Vai querer desistir, mas não vai desistir, porque você é forte e porque depois do topo a montanha começa a diminuir e o unico jeito de deixá-la pra trás é continuar andando. Você vai ser feliz. Tá vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto de agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que tô falando a verdade. Eu não minto. Vai passar!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Minhas mãos ocupam meus bolsos para que tu não tenhas tentação de te deixar levar por elas. Minhas mãos vão te levar por caminhos que tu não vais gostar de percorrer. É que eu me vou por lamaçais, manguezais e, por inúmeras vezes, já me perdi em florestas das mais altas sequóias, de ramos tão frondosos a ponto de fazerem com que os raios de sol desistam de mergulhar no chão. E eu preciso de duas mãos pra escalar todas essas montanhas que se aproximam ao norte.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

­Uma vez, saí para brincar com meu brinquedo predileto, uma bonequinha de plástico da fada Sininho. Ela tinha uns cinco centímetros, um cabelo louro amarrado em um rabo-de-cavalo bem alto e as mãos na cintura com um ar confiante e desafiador que eu admirava. Acendi um fósforo e aproximei do rosto da Sininho para mostrar a ela como era. Ela parecia ainda mais bonita á luz da chama. Quando o fósforo apagou, acendi outro e, dessa vez, segurei bem perto do rosto dela. De repente, seus olhos se arregalaram, como sentindo medo. Percebi, horrorizada, que seu rosto estava começando a derreter. Apaguei o fósforo, mas era tarde demais. O narizinho antes perfeito da Sininho tinha desaparecido completamente, e os seus lábios vermelhos carnudos foram substituídos por uma beiçola feia e torta. Tentei remodelar o rosto como era antes, mas piorei as coisas ainda mais. Quase que imediatamente, o rosto esfriou e endureceu novamente. Coloquei-lhe umas gazes. Queria fazer um enxerto de pele na Sininho, mas teria que retalha-lá. Mesmo com a cara derretida, ela ainda era o meu brinquedo preferido. (O Castelo de Vidro - Jeannette Walls)